Estava um óptimo final de dia; as poucas nuvens cinzentas mas sem espessura deixavam-se trespassar por feixes de luz, que faziam dourar os objectos captados no solo. "dá-me a mão" - pensou Àlima sentindo-se arrepiada com o ambiente. Ao seu lado, Victor segurou a mão dela. "amo-te" - pensou Àlima. Àlima era uma emigrante de Leste. Estava ilegal. Victor não sabia. Dentro de pouco tempo ela teria de regressar. Isso enchia-a de tristeza. No entanto, levaria consigo um sentimento próximo do amor pelo clima do Algarve, e pela hospitalidade desta gente pouco civilizada e confusa. Aqui tinha aplicado o poder da liberdade a um sistema de classes decrépito, onde se tinha recusado a entrar. Do seu país, não esperava nada de melhor, tal como em Portugal, lutaria pela sobrevivência...